Imagine um velho passando pela frente de uma casinha muito simples, na janela da pequena casa surge a figura de um pequeno cão que em silencio observa o movimento do velho. O velho em passos desajeitados, se aproxima da janela segura as calças que pareciam querer cair, e pede para o cachorro:
– Cadê tua mamãe? Chama lá tua mamãe!
O cachorro que parece entender, em silencio olha para o lado, de onde surge uma figura pequenina com bochechas rosadas, cabelos pretos muito finos e meio encaracolados nas pontas, se segura na abertura da janela para poder se equilibrar de pé e diz:
– blauahsblablá e mais blablablask….blábláblá, apontando para os lados, como que contando algo importante.
– Ah, eu também tô com fome, daqui a pouco farei uma comida….acho que farei um peixe para o almoço hoje!
-blábláblá…diz a pequenina apontando para os lábios rosados
-Ahh sim notei que está de batom, muito bonita essa cor pra você, combina com tua roupa…
E conversaram, conversam, e conversam… um diálogo perfeito falado em línguas diferentes e totalmente compreendido e captado pelos dois interlocutores.
Ao final do encontro se despedem com um aperto de mão. A mão pequenina, delicada e macia da pessoa pequena é totalmente envolvida pela mão calejada, enrijecida e experiente do velho.
Ele se vira dá dois ou três passos, mais um abano com a mão velha, sai a passos arrastados pela calçada; e aquela mão pequenina ficou ali abanando, abandando, ao som de muitos blablablás…olhos atentos e brilhantes enquanto o amigo se distanciava lentamente, agora sem mais olhar pra trás.
E eu ali fui testemunha da beleza e maravilha, que o coração puro, amoroso e disposto a se relacionar, pode criar! Agradeço por ter olhos para ver, e coração para sintonizar com essa cena simples, mas que perfumou meu dia com aroma de leveza, alegria, aconchego e acolhimento.
Sem saber esses dois amigos me ensinaram o que pode acontecer quando na diferença nos fazemos iguais!
Gratidão <3
Lenshari
Sugestão: